sábado, 24 de março de 2007

Intel versus AMD: quem está na frente da batalha dos chips móveis




Framingham - Evolução dos processadores móveis indica que o problema da curta duração da bateria pode estar com os dias contados.

Pergunte para qualquer um sobre o problema máximo do laptop. A resposta terá três palavras: duração da bateria. Em uma era em que quase todos estão trocando seus desktops por notebooks, soa muito obsoleta a incapacidade da máquina portátil de ficar ligada por mais de quatro ou cinco horas seguidas sem precisar da tomada.

Felizmente parece que os líderes do mercado Intel e AMD estão trabalhando para resolver o problema. O conceito de desempenho por watt (performance-per-watt) começa a dominar os refletores. O que isso significa? Quanto mais desempenho por watt o chip tiver, mais baixa é a sua temperatura interna e menor é o seu consumo de energia. Para laptops, esses dois elementos são críticos e, se resolvidos, vão culminar em maior duração da bateria.

Geralmente, as velocidades dos processadores em laptops cresceram à custa da duração da bateria. Entretanto, o lançamento dos processadores móveis Core 2 Duo da Intel, em 2006, alardeou o aumento de performance enquanto caiu o consumo de energia. A gigante azul de processadores pode, contudo, manter o ritmo?

Ao se considerar o quão importante é a categoria de computação móvel nos lucros totais, está claro que a AMD terá que entregar produtos substancialmente melhores para mexer com o domínio da Intel. Será que a AMD é capaz?

Abaixo você encontra indicações das respostas, incluindo uma surpreendente e nova estratégia em design da AMD.


Intel puxa a liderança

A AMD pode ser a maior quando se fala em participação de mercado no setor de estações de trabalho, mas a Intel mantém uma vantagem sensível em processadores móveis. Grande parte desse domínio se deve à grande popularidade da plataforma Centrino (envolve obrigatoriamente a combinação de processadores móveis, com chipset da placa mãe e a interface de rede sem fio).

O sucesso esmagador do processador Core 2 Duo e a recente parceria com a Apple também aumentou o domínio do mercado móvel da Intel sobre a AMD. Para preservar e aumentar essa vantagem, a Intel está apostando forte em duas inovações tecnológicas: uma nova plataforma Centrino chamada “Santa Rosa” e o lançamento de uma nova arquitetura de processadores chamada “Penryn”.

Espera pelo “Santa Rosa”

No segundo trimestre de 2007 (rumores indicam que será no mês de abril), a Intel vai lançar a quarta geração da plataforma Centrino chamada “Santa Rosa”.

E “Santa Rosa” é grande aposta para a Intel. Além de suportar os processadores Core 2, a plataforma vai oferecer uma série de novidades, com aumento na velocidade do front-side bus e melhor controle de energia em momento de baixa utilização, incluindo uma nova forma de Bios (informações em inglês).

Depois de lançada, a nova variação da plataforma Centrino vai ser chamada Centrino Pro.

Chip de dois núcleos de baixa voltagem

Na primeira metade de 2007 serão lançados novos chips Core 2 Duo, incluindo o lançamento de CPU de baixa voltagem e de baixíssima voltagem. Baseados nos bons resultados em desempenho por watt das CPUs móveis do Core 2 Duo, é bastante provável que esses chips venham oferecer níveis semelhantes no tema, assim como uma vida de bateria sem precedentes.

Já no primeiro trimestre de 2007, a Intel lança o L7400 e L7200, os primeiros chips de baixa voltagem na arquitetura Core 2 Duo. A previsão de velocidade está em 1,5GHz e 1,33GHz, respectivamente. No começo do segundo trimestre de 2007, a Intel vai lançar os processadores de baixo consumo L7500 (1,6GHz) e o L7300 (1,4GHz). Além disso, a Intel vai lançar seu primeiro processador de baixíssima voltagem na arquitetura, o U7500. Relatórios indicam que será um processador de núcleo duplo com 1,06GHz.

Atenção ao “Penryn”

No final de 2006, a Intel anunciou sucesso na produção de protótipos da linha de processadores em 45 nanômetros chamados “Penryn”. A empresa afirmou que pretende começar a produção na segunda metade de 2007.

O Penryn é baseado na arquitetura Core da Intel, mas reduz o tamanho da CPU de 65nm para 45nm. Geralmente, um processo menor de fabricação gera mais velocidade no relógio, assim como melhora na eficiência térmica e queda no consumo de energia. Com a mudança rápida, a Intel espera garantir uma vantagem competitiva segura, atingida graças ao uso da tecnologia em metal chamada “high-k”, que permite a produção de transistors mais eficientes. A rival AMD só conseguirá produzir partes 45nm em meados de 2008.


As inovações da AMD podem diminuir a diferença?

A aquisição da ATI pela AMD levantou inúmeras sombrancelhas. Analistas, jornalistas e especialistas no setor se uniram nas dúvidas sobre as perspectivas da união. Como o Windows Vista utiliza unidades de processamento gráficos 3D (GPUs) para renderizar sua interface, a fusão pode gerar dividendos para a AMD-ATI no mercado móvel, que se apóia quase que exclusivamente nos processadores gráficos integrados.

Rumores iniciais indicam que a fusão promete processadores móveis inovadores chamados “Fusion” no final de 2007 ou no início de 2008. Enquanto isso, AMD reforça o caminho no sentido de melhorar sua plataforma móvel em passos interessantes.

O “Hawk” 65 nm chega no início de 2007

Ano passado, a Intel retomou a inovação tecnológica ao usar a fabricação de processadores móveis em 65 nm, enquanto a AMD manufaturava com os menos eficientes chips de 90nm. Por isso, uma das prioridades da AMD para 2007 está em atualizar sua linha de CPU móveis com partes de 65nm. A expectativa para a mudança nas linhas Turion 64 X2 e Mobile Sempron com 65nm é para o primeiro trimestre de 2007. Eles serão a base para o futuro dos processadores móveis 65nm.

Chamados “Hawk”, esses três CPUs terão novas funções, incluindo mais eficiência térmica. A AMD alega que, em estado ocioso, o chip consome 33% do que o Core 2 Duo da Intel consome no mesmo estado.

Um dos pontos mais intrigantes da atualização da plataforma está na noção de chips gráficos híbridos. Um processador desses vai permitir a presença de duas unidades de processadores diferentes: uma rápida e poderosa GPU que não vai estar integrada à placa-mãe; com a outra GPU integrada à placa-mãe e de menor performance. Em teoria, o chipset vai ser capaz de aumentar a vida da bateria ao desativar o processador não integrado à placa-mãe no momento em que o laptop está rodando na bateria.

O que não ajuda a AMD é que sua plataforma móvel é uma recomendação, não um requerimento, o que entra em confronto com a forte ênfase da Intel em partes específicas e especificações claras do altamente reconhecido Centrino. Além disso, apesar da AMD ainda não construir chipsets sem fio, a companhia garante que o Hawk será compatível com o padrão de Wi-Fi 802.11n.


“Griffin” adiciona tecnologia HyperTransport 3

Alguns meses depois, AMD a deu indicações de que vai lançar outro processador móvel chamado “Griffin”. Também construído sobre 65nm e suportando DD2 800MHz RAM, o produto tem a diferença fundamental de ter o HyperTransport 3, tecnologia que vai gerar mais velocidades de bus e habilidade do processador de diminuir a velocidade ou fechar núcleos individuais se eles não estão sendo utilizados no momento.

Ainda que a AMD tenha se recusado a falar sobre o Griffin, a presença do HyperTransport 3 levou analistas a acreditarem que o Griffin vai estrear na forma de um CPU de quatro núcleos. Tudo indica que o lançamento do Griffin vai coincidir com a completamente nova plataforma da AMD móvel e sem fio chamada “Puma”, que suportaria arquitetura de quatro núcleos, com melhor gerenciamento da energia e compatibilidade com padrão 802.11n.

Aguardando o “Fusion”

Ainda que a AMD não vá lançar seu processador móvel de 45nm até o final de 2008, a empresa foi sincera sobre seu trabalho em um processador inovador chamado “Fusion”.

O processador Fusion é uma CPU multi-core, mas em vez de utilizar dois ou mais idênticos núcleos de CPU, a AMD vai fundir as unidades de processamento do computador com as unidades de processamento gráfico no mesmo chip multi-core. Isso representa uma abordagem relativamente nova na manufatura de chips chamada processamento heterogêneo, um termo que vai crescer em 2007. A AMD anunciou um nome proprietário para a metodologia: Accelerated Processing Units.

Na prática, o que os processadores Fusion vão representar no mundo real para os usuários de laptop? Ainda é cedo para uma resposta definitiva, mas vai aumentar a velocidade nas trocas de informações entre o CPU e o hardware gráfico, o que é interessante para jogos ou para a interface do novo Windows. Em teoria, um CPU/GPU integrado poderia diminuir o consumo de energia e facilitaria a fabricação de laptops ainda menores. Como comparação, a Intel não ofereceu nenhuma indicação de produção de CPU/GPU integrados.

Pode esse road map da AMD significar uma reviravolta em presença de mercado parecida com a que aconteceu no lançamento dos processadores de estação de trabalho Athlon 64 há três ou quatro anos? Só o tempo responderá e nós estaremos atentos.

George Jones é editor do Computerworld, em Framingham

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