quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Uma história de dois formatos





Anunciada a batalha entre a Sony e a Toshiba, qual dos formatos sairá vencedor?
Quando há padrões concorrentes num sector especializado, inevitavelmente a indústria fica dividida sobre qual deve apoiar. É isto que se passa com o HD-DVD e o Blu-ray, que dividem entre si o apoio dado pelos fabricantes de tecnologia (alguns dos quais, em certos casos, apoiam ambos). Mais importante ainda, alguns estúdios de cinema e várias editoras de videojogos fazem pender a balança ao colocarem todo o seu peso deveras considerável no prato de um determinado formato.

No ponto em que as coisas se encontram, as empresas 20th Century Fox, Buena Vista Home Entertainment, Electronic Arts, MGM Studios, Paramount Pictures, Sony Pictures Entertainment, Walt Disney Company, Vivendi Universal Games e Warner Bros comprometeram-se a dar o seu apoio ao Blu-ray. As companhias New Line Cinema, DreamWorks SKG e Universal Studios declararam que irão apoiar apenas o HD-DVD. Além disso, os estúdios Buena Vista Home Entertainment, Paramount Pictures, Walt Disney Company e Warner Bros afirmaram que vão lançar filmes tanto em HD-DVD como em Blu-ray.

Quanto às empresas de tecnologia, gigantes como as Apple, Dell e HP, apoiam o Blu-ray, enquanto a Microsoft e a Intel são duas das muitas empresas que dão o seu apoio ao HD-DVD. A decisão da Microsoft de apoiar o HD-DVD em vez do Blu-ray foi motivo de consternação e vai ao encontro do que a empresa entende ser a facilidade de utilização patente do HD-DVD em comparação com o Blu-ray. Com isto, a Microsoft refere-se ao direito (nos EUA, pelo menos) de se fazer a cópia de um disco para uso pessoal, mesmo sendo ilegal quebrar a protecção contra cópias.
Passo a Passo

As soluções de software necessárias
01 Embora o Vista seja anunciado como sistema operativo indispensável, a Microsoft não foi rápida a adoptar os padrões mais recentes. O software de gravação integrado suporta o DVD±RW, mas esse suporte é limitado no que toca ao HD-DVD e inexistente em relação ao Blu-ray.
02 A Microsoft informou que não tinha intenção de incluir o suporte para o HD-DVD ou Blu-ray na mais recente versão do seu software Media Player. Isso deve-se ao facto de a empresa não querer favorecer um padrão em detrimento do outro.
03 Se tiver dinheiro para comprar um gravador de Blu-ray e conseguir encontrar os suportes adequados, irá precisar também de software de gravação a condizer. Tanto o software da Roxio como o da Nero já suportam discos BD-R (de gravação única) e BD-RE (regraváveis)
O que a Microsoft e os outros membros do DVD Forum advogam é uma forma de se proteger a propriedade intelectual de uma empresa, mas ainda assim permitir que os utilizadores vejam em vários dispositivos o filme que compraram. Por esse motivo, as especificações do HD-DVD compreendem a protecção AACS (Advanced Access Content System, ou sistema avançado de acesso a conteúdos). Desta forma, alguém que tenha adquirido uma cópia legítima de um filme poderá efectuar uma cópia do mesmo para o disco rígido. Depois disso poderá transferir o filme para um leitor portátil ou transmiti-lo numa rede doméstica.

Encriptação mais resistente
O DVD Forum implementou uma encriptação de 128 bits para este sistema e – ao contrário da protecção CSS (Content Scrambling System, ou sistema de codificação de conteúdos) dos DVD – tem esperanças de que não seja possível quebrá-la. Por exemplo, no caso do Blu-ray os fabricantes indicaram que estão a ponderar a utilização de métodos que suportem alterações da chave da protecção DRM (Digital Rights Management, ou gestão de direitos digitais) a fim de impedir que o conteúdo fique livremente à disposição no caso de alguém conseguir quebrar e copiar essa protecção.


PlayStation3 vs. Xbox360
Prevê-se que o mercado das consolas venha a ser o grande campo de batalha
É impossível que não tenha reparado que a Microsoft lançou a nova versão da Xbox e a Sony acabou de lançar no Japão a sua nova PlayStation3. Cada sistema suporta um dos novos padrões de vídeo. A PS3 da Sony possui uma unidade de Blu-ray, ao passo que a Microsoft lançou um leitor de HD-DVD para a Xbox360. Ambas as empresas pretendem que os respectivos equipamentos sejam dispositivos de entretenimento doméstico em vez de meras consolas de jogos, daí a inclusão de um leitor de discos da próxima geração.

A Xbox360, contudo, normalmente não inclui uma unidade de HD-DVD; a PS3, pelo contrário, é vendida com uma unidade de Blu-ray. A unidade de HD-DVD externa para a Xbox360 já se encontra disponível por cerca de 160 euros. O preço de lançamento previsto para a PS3 é de 600 euros.


Outra característica do HD-DVD que poderá ser um factor decisivo para a sua ascensão ou queda diz respeito à interoperacionalidade entre o formato e os DVD existentes. São propostas duas opções, segundo as quais um disco HD-DVD contém o mesmo filme nos formatos de alta definição ou DVD-9. O primeiro formato é um disco combinado, em que numa das faces está o conteúdo de alta definição e na outra o DVD; quanto ao segundo, trata-se de um disco de duplo formato, com o DVD-9 numa camada e o HD-DVD noutra camada da mesma face do disco. Isto é possível porque a camada mais próxima da cabeça de leitura é reflectora para um laser vermelho e transparente para outro azul-violeta, pelo que o leitor será capaz de detectar o formato correcto.

Outro factor que beneficia o HD-DVD, na opinião do DVD Forum, consiste no seu processo de fabricação. Segundo especialistas deste organismo, uma linha de produção montada para discos HD-DVD pode ser convertida para produzir discos DVD em apenas cinco minutos. À data em que esta edição foi impressa, o número de leitores de HD-DVD disponíveis no mercado ainda era muito reduzido. A Toshiba lançou o seu leitor HD-XA1 HD-DVD em Março mas anunciou já que brevemente haverá mais alguns modelos de leitores disponíveis. A Microsoft, por sua vez, lançou uma unidade de HD-DVD para a Xbox360 no Japão, embora de momento não exista um gravador de HD-DVD para PC.
O lado “azul” da história
O Blu-ray utiliza o mesmo laser azul-violeta do que o HD-DVD, mas de forma diferente, daí que nenhum padrão suporte o outro.
A razão para serem tão iguais e ao mesmo tempo tão diferentes tem a ver unicamente com a abertura da lente.

A abertura numérica do laser do Blu-ray é de 0,85, enquanto a do HD-DVD é de 0,65. O laser do Blu-ray é mais largo e não penetra tanto no substrato do disco como fazem o CD, DVD ou HD-DVD. Embora isto signifique que é possível armazenar mais dados num disco Blu-ray, estes encontram-se muito mais perto da superfície do que em todas as outras formas de armazenamento óptico. Por sua vez, isto aumenta consideravelmente o risco de perda de dados no caso de o disco sofrer danos, ainda que ligeiros.

Para lutar contra isto, as equipas de desenvolvimento do formato Blu-ray viram-se forçadas a adicionar uma camada protectora à superfície do disco. Apesar de terem conseguido produzir um revestimento que não prejudica o normal funcionamento do disco, o processo de fabrico tem as suas falhas. O mínimo defeito nesse revestimento implica que o disco tenha de ser deitado para o lixo. A Verbatim teve de rejeitar uma quantidade enorme de revestimentos por causa dos defeitos. As primeiras versões dos discos eram tão propensas a riscos que o desenho inicial previa guardá--los em caixas algo toscas. As equipas de desenvolvimento depressa decidiram que isso não era praticável e chegaram à conclusão de que tinham de encontrar uma forma de protecção que impedisse a perda de dados. Resta saber se o revestimento resistente é a solução ideal a longo prazo.
HDTV — UMA QUESTÃO DE CODECS
São várias as razões para precisar de uma capacidade de armazenamento de 50 GB

A principal razão por detrás do desenvolvimento do Blu-ray e do HD-DVD é dar aos utilizadores domésticos a possibilidade de utilizarem o novo padrão de televisão de alta definição. A imagem visível no ecrã tem uma resolução muito superior à dos DVD e televisores actuais.

A resolução da televisão PAL neste momento é de 720 x 576, mas a alta definição irá revolucionar isto de forma drástica, com resoluções na ordem dos 1280 x 720 ou 1920 x 1080. Evidentemente, isso significa que haverá mais pixels no ecrã, a que corresponderá um aumento do volume de dados gravados num disco. Guardar estes dados adicionais num único disco implica que se recorra a técnicas de compressão; por exemplo, o DVD emprega o padrão de compressão MPEG-2.

As ferramentas de compressão foram melhoradas para ambos os padrões de discos de alta definição, tendo sido acrescentados dois formatos: MPEG-4 AVC e SMPTE VC-1. O segundo era conhecido anteriormente como Windows Media 9. Em termos de codecs de áudio, ambos os padrões utilizam exactamente os mesmos: Dolby Digital Plus, DTS Dolby Digital e MPEG-Audio. Os novos discos também precisam de velocidades de transferência de vídeo mais elevadas. O HD-­DVD apresenta uma velocidade de transferência de vídeo e áudio de 36,55 Mbps, mas a tecnologia do Blu-ray é significativamente mais rápida, situando-se nos 54 Mbps.



O Blu-ray tem vantagens óbvias sobre o HD-DVD, sendo a capacidade a principal, mas também possui velocidades de transferência mais rápidas e os equipamentos disponíveis existem em maior número. Além disso, a maioria dos estúdios de cinema apoia abertamente o padrão. Evidentemente, caberá no final ao consumidor decidir qual dos formatos levará a melhor. A LG apresentou recentemente um leitor capaz de ler os dois formatos ditando assim o caminho futuro, com dispositivos híbridos que não obrigam a confirmar se o filme que pretende comprar está no formato que pode usar.

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