quarta-feira, 23 de maio de 2007

Sony HC3 redefine o conceito de filmadoras



Uma vez, li um livro de História da Arte que citava a reação das pessoas após olharem o mural da Última Ceia, de Leonardo da Vinci. A imagem, pintada em 1495, tinha tanto caráter realístico de espaço e intensidade de detalhes que depois de admirada, ninguém queria voltar ao estado normal. Da Vinci superou os limites na criação de imagens realistas. Lembrei dessa passagem quando analisava pela primeira vez, em um monitor HDTV, o resultado das imagens de alta definição feitas com a filmadora Handycam Sony, modelo HDR-HC3 HDV 1080i (US$ 1.499,95). Fiquei surpreso com a qualidade do vídeo. A HC3 impõe um novo padrão no mercado de filmadoras.

Não estou dizendo que ela seja uma obra-prima, mas no conjunto, a Sony fez algumas melhorias (se comparada à primeira da categoria HD, modelo HDR-HC1 HDV 1080i) tornando-a mais portátil e mais barata (em torno de US$ 500).

O tamanho desta miniDV é surpreendente, praticamente o mesmo das filmadoras DVD topo de linha, como a DVD505, da Sony. Medindo 8,38 x 13,97 cm e pesando 538 g (com fita e bateria), é fácil de segurar e carregar.

Igual à HC1, a HC3 possui zoom óptico de 10X e uma tela LCD widescreen sensível ao toque de 2,7”. A Sony substituiu o controle de foco manual em forma de argola encontrado na HC1 por um seletor e um botão manual eficientes, localizados quase na frente da câmera, perto da articulação da tela LCD. Pelas opções do menu, é possível atribuir a esse pequeno seletor as funções de foco, do tempo de exposição e de balanço de luz. Na minha opinião, o antigo controle de foco em forma de argola permite ajustes mais precisos.

Tanto as minhas filmagens pessoais quanto as de teste, exibidas em HDTV ou em um monitor de computador, mostraram detalhes nítidos excepcionais e texturas delicadas. Adorei as imagens dos meus filhos brincando e pulando na piscina em um dia de verão ensolarado. A HC3 processou corretamente as cores vivas do biquíni da minha filha, os fios finos do cabelo espetado do meu filho e o respingo das menores gotas de água após um mergulho. Também gerou imagens impressionantes do sol, encoberto por uma nuvem negra, situação de quantidade de luz extrema que geralmente produz resultados ruins. Fiquei impressionado com a velocidade e a qualidade do controle automático de exposição.

A HC3 também se adaptou bem a lugares com pouca luz. Ajustou rapidamente a exposição e o foco em gravações alternadas entre ambiente escuro e claro . As imagens decorrentes dessa filmagem, em lugar escuro, ficaram um pouco granuladas, mas surpreendentemente os detalhes se mantiveram nítidos e vivos, levando em conta que ela possui somente um sensor. Filmadoras com três sensores são mais apropriadas para gravar em ambientes com pouca luz.

O filme é armazenado em uma fita miniDV com resolução de 1080i (quando a filmadora é programada para alta qualidade), o que equivale aproximadamente a 60 campos entrelaçados por segundo ou próximo a 30 quadros por segundo. É possível programar a HC3 para gravar em definição padrão, o que não é aconselhável. O ideal é filmar em alta resolução e diminuí-la durante a gravação de uma mídia de DVD.

Esta filmadora vem equipada com vários recursos comuns à família Sony, todos com ótimo desempenho. O modo Nightshot (filmagem noturna), por exemplo, funcionou muito bem e exibiu uma imagem homogênea e constante, mas quase monocromática (isso sempre acontece nesse modo). Também foi divertido usar o modo Smooth Slow Record (gravação lenta), que surgiu com a filmadora DVD505, que permite gravar em tempo real e reproduzir em movimento lento (sem som ).

Nos testes de laboratório, a HC3 teve uma resolução média impressionante de 700 linhas, mas não tão alta quanto as 750 da HC1. Mesmo assim, superou a média de 300 a 400 de outras filmadoras. O tempo de inicialização não impressionou, pois levou mais de oito segundos para ligar.

Quanto aos testes de fotografia, ela teve um desempenho medíocre, apresentando atraso significativo do obturador, o que é comum para uma filmadora. A HC3 fotografa imagens à resolução de 4 megapixels, mas a qualidade não impressionou. A filmadora Canon DC40 DVD, que também tem resolução de 4 megapixels, se saiu melhor, tanto nos testes com flash quanto à luz do dia, e apresentou fotos nítidas e cores mais vivas. Isso ocorre principalmente porque o sensor CMOS da HC3 capta só 2,1 megapixels de dados significativos e os altera posteriormente para uma imagem com resolução de 4 megapixels.

Faz falta um software de edição à HC3, o que é estranho, pois o editor de vídeo Vegas 6 (da Sony) grava e edita arquivos de alta definição. Por que a Sony não incluiu uma versão simplificada desse programa? A estrutura do menu também permanece a mesma. Teria sido bom se ela tivesse copiado o excelente menu que desenvolveu para a câmera digital Cyber-shot DSC N1.

Embora a HC3 represente um grande marco no mercado de consumo de filmadoras, não a classifico como profissional, mesmo que seja para gravar um casamento ou um evento específico. O principal problema é que ela possui controles externos limitados, como o foco manual. Não é possível melhorar a qualidade de áudio ligando um microfone porque não há uma entrada externa. Item fundamental. Portanto, a HC1 é a melhor opção para estudantes e produtores com orçamento apertado.

Tirando esses detalhes, acho que a Handycam HDR-HC3 HDV 1080i da Sony, assim como a precursora HC1, deve ganhar sozinha o prêmio da Escolha do Editor, na categoria filmadora HD para o consumidor comum. Lembre-se: a fantástica qualidade de vídeo não tem igual.

US$ 1.499, Sony
www.sonystyle.com
Nota:4,00

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